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segunda-feira, 31 de outubro de 2016

O mito de sísifo e a tomada de conciência

De acordo com Olgária Matos, a tomada de consciência é o momento da liberdade. E essa liberdade é a experiência de nos deligarmos da identidade não reflexiva com as coisas e passarmos a ser pessoas autônomas, seres pensantes e consciente do processo em que estamos presos. 

É livre daquela condenação divina, que Sísifo – em uma analogia ao homem- vence, pois é capaz de pensar sobre o que está fazendo.

Essa tomada de consciência muda totalmente nossa “paisagem interna”, a ideia não é mais destino e fatalidade de um trabalho sem sentido, pois Sísifo tomou consciência do quão inútil era seu trabalho, e o absurdo que era sua passividade, a partir daí ele é capaz de pensar outra coisa que não seja o trabalho inútil. 

O mesmo ocorre conosco, quando nos vemos presos em atividades rotineiras e sem propósito. É possível assim como Sísifo fez, largar a rocha e recriar nossa história. Sísifo sobe a montanha com a rocha, e a deixar rolar, mas ele não desce atrás da rocha, fica ali olhando a paisagem, em estado contemplativo.


A partir deste momento vão precisar encontrar outro Sísifo/trabalhador, pra fazer o trabalho que ele fazia, pois este ele não vai mais fazer. Sísifo torna-se contemplativo. Um artista com capacidade de inventar de criar o seu próprio destino. 
Quando ocorre a tomada de consciência enxergamos que não estamos presos a um papel único na vida. Podemos nos distanciar daquilo que nós vivemos, podemos pensar diferente e criar. 

O instante da consciência é um momento trágico, pois não basta pensar e repensar é preciso rever o próprio sentido dessa ação. A lição que tiramos deste mito é que por mais inútil que uma tarefa possa ser, é possível pensar sobre seu trabalho e assim, recriar, transformando-o.

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