De
acordo com Olgária Matos, a tomada de consciência é o momento da liberdade. E
essa liberdade é a experiência de nos deligarmos da identidade não reflexiva
com as coisas e passarmos a ser pessoas autônomas, seres pensantes e consciente
do processo em que estamos presos.
É livre daquela condenação divina, que
Sísifo – em uma analogia ao homem- vence, pois é capaz de pensar sobre o que
está fazendo.
Essa
tomada de consciência muda totalmente nossa “paisagem interna”, a ideia não é
mais destino e fatalidade de um trabalho sem sentido, pois Sísifo tomou
consciência do quão inútil era seu trabalho, e o absurdo que era sua
passividade, a partir daí ele é capaz de pensar outra coisa que não seja o
trabalho inútil.
O mesmo ocorre conosco, quando nos vemos presos em atividades
rotineiras e sem propósito. É possível assim como Sísifo fez, largar a rocha e
recriar nossa história. Sísifo sobe a montanha com a rocha, e a deixar rolar, mas
ele não desce atrás da rocha, fica ali olhando a paisagem, em estado contemplativo.
A
partir deste momento vão precisar encontrar outro Sísifo/trabalhador, pra fazer
o trabalho que ele fazia, pois este ele não vai mais fazer. Sísifo torna-se
contemplativo. Um artista com capacidade de inventar de criar o seu próprio
destino.
Quando ocorre a tomada de consciência enxergamos que não estamos presos
a um papel único na vida. Podemos nos distanciar daquilo que nós vivemos,
podemos pensar diferente e criar.
O instante da consciência é um momento
trágico, pois não basta pensar e repensar é preciso rever o próprio sentido dessa
ação. A lição que tiramos deste mito é que por mais inútil que uma tarefa possa
ser, é possível pensar sobre seu trabalho e assim, recriar, transformando-o.
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