Os fármacos antipsicóticos também são chamados de fármacos neurolépticos, fármacos antiesquizofrênicos ou tranqüilizantes maiores. São usados especialmente para a esquizofrenia, mas também podem ser usados para tratar mania, e outros distúrbios comportamentais agudos.
De acordo com o livro “Neuroanatomia Pintar pra Aprender”, nos indivíduos com esquizofrenia há ausência da aderência intertalâmica em 30% dos casos, e pode estar relacionada ao transtorno.
Segundo Catelan nos indivíduos com esquizofrenia a via talâmica está super estimulada. A esquizofrenia é uma das formas mais debilitantes da doença psiquiátrica e produz os seguintes sintomas:
SINTOMAS POSITIVOS.
(alterações e hiperatividade na via mesolímbica ativando os receptores D2)
Delírios, alucinações, distúrbios do pensamento, comportamento anormal e desorganizado, catatonia.
SINTOMAS NEGATIVOS.
(alterações na via mesocortical)
Afastamento de contatos sociais, aplanamento das respostas emocionais, anedonia (incapacidade de experimentar prazer), relutância em executar tarefas diárias.
Os fármacos antipsicóticos são divididos em primeira e segunda geração.
ANTIPSICÓTICOS DE PRIMEIRA GERAÇÃO.
Também são chamados de típicos, tradicionais ou convencionais, possuem efeito competitivo pelo receptor D2 da dopamina. Esses fármacos estão mais associados com distúrbios do movimento. São subdivididos em alta e baixa potencia, não só para indicar sua eficácia clínica, mas também com sua afinidade com o receptor D2 da dopamina. São indicados para o tratamento dos sintomas positivos.
Eles possuem a capacidade de inibir as 4 vias dopaminérgicas (nigroestriatal, mesolímbica, mesocortical e tuberoinfundibular).
Dentre os de efeito sedativo tem o grupo das Fenotiazinas ( Clorpromazina, levomepromazina, sulpirida, Tioridazina, trifluoperazina).
Grupo incisivo Butirofenomas não tem efeitos sedativos: (haloperidol, penfluridol, pimozida, pipotiazina, flufenazina).
ANTIPSICÓTICOS DE SEGUNDA GERAÇÃO
Também conhecidos como atípicos, possuem menos efeitos adversos que os de primeira geração, no entanto são associados a um maior risco de diabetes, aumento de massa corporal e hipercolesterolemia (aumento da concentração de colesterol no sangue). A segunda geração de fármacos deve sua atividade ao bloqueio de receptores da serotonina e dopamina. Ex: clozapina, risperidona, amisulprida, aripiprazol, ziprazidona etc.
São muito modernos e eficazes, promovendo qualidade de vida ao doente, mas devido ao alto custo, não são acessíveis a todos apesar dos benefícios.
Entre suas vantagens causam pouco ou nenhum sintoma extrapiramidal, reduzem os efeitos negativos ou evita que se agravem, reduzem a depressão e o transtorno bipolar, reduzem os sintomas cognitivos da esquizofrenia e doença de Alzheimer.
De acordo com Rang & Dale, a distinção entre primeira e segunda geração de medicamentos não está claramente definida, mas se baseia em:
Perfil dos receptores
Incidência de efeitos extrapiramidais (menores nos de segunda geração)
Eficácia (principalmente da Clozapina em pacientes resistentes ao tratamento)
Eficácia contra sintomas negativos
De acordo com a professora Catelan o custo $$$$$$$$.
Para pacientes que não respondem ao tratamento é indicado a Clozapina.
MECANISMOS DE AÇÃO
Todos os antipsicóticos de primeira geração e a maioria dos de segunda geração bloqueiam os receptores de dopamina no cérebro e na periferia. Já os de segunda geração também têm como parte de sua ação bloquear receptores de serotonina (5HT) nos receptores subtipo 2ª pré-sináptico proporcionando o controle da dopamina nas vias. Além disso, o sistema serotoninérgico impede os efeitos colaterais do medicamento.
No entanto, vários desses fármacos também bloqueiam receptores colinérgicos, adrenérgicos e histamínicos, que geram efeitos adversos do medicamento.
Os fármacos antipsicóticos devem seus efeitos terapêuticos principalmente ao bloqueio dos receptores D2.
Por não apresentarem efeito seletivo na via mesolímbica, geram efeitos adversos por bloquearem receptores D2 em outros locais do cérebro como segue:
Via nigroestriatal – produzem efeitos motores adversos (SEP).
Via tuberoinfundibular – aumentam a produção de prolactina.
Via mesolímbica - sintomas positivos e (referente a recompensa – núcleo acumbens) reduzem o prazer.
Via mesocortical e Córtex pré-frontal – pioram os sintomas negativos e cognitivos, é hipoestimulada.
AÇÃO ESPERADA.
Ação antipsicótica: todos os antipsicóticos podem diminuir as ilusões e alucinações da esquizofrenia (sintomas positivos), através do bloqueio de receptores da dopamina no sistema mesolímbico. Em relação aos sintomas negativos, estes não respondem ao tratamento particularmente com antipsicóticos de primeira geração, enquanto que os de segunda geração como a clozapina aliam relativamente. Os antipsicóticos não deprimem tanto a função intelectual do paciente como os barbitúricos, mas seus efeitos podem demorar a ocorrer por vários dias ou semanas.
EFEITOS ADVERSOS
Efeitos extrapiramidais: são distonias, sintomas tipo Parkinson, intranqüilidade motora, movimentos involuntários de língua, lábios, pescoço, tronco e membros que ocorrem com o tratamento crônico. São causados provavelmente pelo bloqueio de receptores de dopamina na via nigroestriatal. A dopamina produz efeito inibitório no estriado reduzindo a liberação de acetilcolina.
Efeito antiemético (evita o vômito): com exceção do aripiprazol, a maioria dos antipsicóticos tem efeito antiemético mediado pelo bloqueio do receptor D2 dopaminérgico da zona quimioreceptora disparadora bulbar. Por esse motivo, podem ser utilizados off label para enjôo (quimioterapia).
Efeito anticolinérgico: alguns antipsicóticos produzem efeitos como visão borrada, sedação, xerostomia (secura excessiva na boca), constipação e retenção urinária. Bloqueio receptor M1.
Efeito histamínico: por serem antagonistas histamínicos H1 causam sedação. A histamina e a adrenalina estão relacionadas ao alerta. Por antagonizar o receptor α1 (adrenérgico) causam hipotenção.
Outros efeitos: disfunção sexual, diminuição da libido, dificuldade de ejaculação, ganho de peso, arritmia cardíaca, reações cutâneas de urticária, síndrome maligna dos antipsicóticos é rara e reversível, mas pode ocorrer a morte entre 10 a 20% dos pacientes por falência renal ou cardiovascular.
FARMACOCINÉTICA
Após administração oral, os antipsicóticos têm absorção variável que não é afetada pelo alimento. Esses fármacos passam facilmente para o cérebro, tem amplo volume de distribuição, ligam-se a proteínas plasmáticas e são biotransformados, em geral pela citocromo P450 no fígado. Alguns metabólitos são ativos. O tempo de meia vida dos antipsicóticos é de aproximadamente 15-30 horas. Além dos fármacos de uso oral, também podem ser administrados de forma injetável (intramuscular), em casos urgentes, onde o fármaco é liberado de forma lenta com atuação de 2 a 4 semanas.
PARA ESTES MEDICAMENTOS:
CLOZAPINA: Sua maior indicação é para pacientes que são respondem ao tratamento com outros antipsicóticos, pois pode causar diminuição no número de leucócitos no sangue. A quase inexistência de efeitos extrapiramidais (SEP) é sua maior vantagem, assim como a ausência de discenia tardia (movimentos involuntários com o uso prolongado). Dentre os efeitos adversos pode causar taquicardia (seu uso é contra indicado para pacientes com doença cardíaca grave) , hipersalivação e ganho de peso. Ela é um antipsicótico atípico de referencia com uso limitado, e também pode ser utilizada para tratar distúrbios do pensamento e emocionais em pacientes com Parkinson.
SULPIRIDA: é um antipsicótico atípico antagonista farmacológico da dopamina do grupo das benzamidas. Geralmente possui baixa atividade sedativa, e proporciona melhora nos sintomas negativos com a regressão gradativa dos mesmos. Não deve ser administrada por pacientes com Parkinson. Seus efeitos colaterais são discinesia precoce, e SEP que são atenuados com o uso de um antiparkisoniano anticolinérgico.
HALOPERIDOL: Foi um dos primeiros antipsicóticos empregados, juntamente com a clorpromazina. É dos fármacos mais usados atualmente principalmente pelo baixo custo $$$$$$$. É considerado de alta potencia e possui pouca ação anticolinérgica, no entanto, causa SEP, estimulação de prolactina (hiperprolactinemia) e galactorréia, aumento das mamas.
RISPERIDONA: é antipsicótico com forte efeito bloqueador tanto nos receptores D2 quanto nos 5-HT2A. É eficaz tanto nos efeitos positivos quanto nos negativos da esquizofrenia. A risperidona pode ser tão ou mais eficaz que o Haloperidol e possuir menos SEP. Ela também é superior a este quanto a sua eficácia sobre os sintomas negativos. Alguns de seus efeitos colaterais são: insônia, agitação, sedação, tontura, ganho de peso e distúrbios menstruais.
ARIPIPRAZOL: É considerado um antipsicótico moderno. Age como agonista parcial receptores D2 e 5HT1A. É considerado estabilizador do sistema dopaminérgico reduzindo os efeitos colaterais. Também pode ser usado como tratamento de mania no transtorno bipolar.
*****Distonias agudas: são movimentos involuntários (inquietação, espasmos musculares, protusão da língua, desvio fixo do olhar pra cima, espasmos dos músculos do pescoço), freqüentemente acompanhado por sintomas de Parkinson.
******Discinesias tardias desenvolvem-se após meses ou anos ente 20% e 40% dos pacientes tratados com fármacos da primeira geração e é um dos principais problemas da terapêutica com esses antipsicóticos, que levam a situação incapacitante e freqüentemente irreversível.